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terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Crônica 1 Parte 2

Fácil é apostar;
Difícil é saber perder;
Fácil é ter;
Difícil é manter;
Fácil é concluir um objetivo;
Difícil é se contentar com ele;
Fácil é escrever contos;
Difícil é contar o que sente.

24 de Dezembro de 2005.
É uma bela manhã de sábado e o nosso personagem está deitado numa cama de casal, contorcido e quase se enforcando com o lençol. O quarto, pedaço do céu é como o rapaz apelida o lugar, trata-se de uma suíte na parte de cima da casa dela, um banheiro e dois quartos e eles dormiam ali com certa freqüência. Esse “pedaço do céu” estava bem bagunçado como de costume, roupas pra todos os lados, alguns porta-retratos empoeirados, uma marca registrada da nossa amiga Alice. Disperso num intenso sono, Icaro recebe uma visita sorrateira, a mãe de Alice entra no quarto com certo cuidado para não acordá-lo. Entra, limpa o local, enquanto isso ele começa a acordar, mas vendo que tem mais alguém ali finge continuar dormindo.
O dia vai passando e é hora de visitar a família dele, afinal é natal e as famílias de certa forma exigem esse comportamento. E eles vão, ela come as diversas guloseimas da mãe dele, ela realmente gosta aquelas coisas, pães, bolos e tortas, ouvi uma ou duas receitas, não sei se para agradá-lo depois com um bom prato ou apenas para saciar a sua gula. Ele assistindo televisão ri dos acessos de vergonha dela, a maneira dele de deixar ela à vontade é expondo essa vergonha que ele considerava desnecessária e fazia isso muito bem, isso o animava imensamente.
Depois de uma tarde de namoricos, declarações e troca de carinhos eles retornam para o seu pedaço de céu. Isso leitor é de alta relevância, note que ele sentia-se mais à vontade na casa dela, nesse “pedaço de céu” do que na sua própria casa.
Voltando aos acontecimentos, eles já estão na casa dela quando o filho de Alice, 5 anos e, segundo Icaro, a cara do pai, explode em acessos querendo jogar com ele que vai de bom grado. Veja que o fato de achar que o filho era parecido com o pai não atrapalhava a sua relação com o garoto, ele apenas tomava cuidado para manter uma distancia por conta do seu extremo ciúme, o que não conseguia muitas vezes, tornando-se uma referencia para o garoto, ele gostava do namorado da mãe.
A tarde vai passando e os preparativos para o natal começam na casa. Na prática Alice ajudava a mãe que ajudava as tias, Icaro distraia o garoto e recebia as visitas, algumas delas são amigas de Alice.
A noite vai chegando e a ceia começa, após ter passado em casa para falar com a mãe e outras pessoas da família, Icaro está na casa de Alice, comendo, sendo servido por ela como se serve a uma criança mimada. Ela sabe do que ele gosta. As coxas do peru, um para ele, outro para o filho. Talvez ela não soubesse demonstrar isso perfeitamente, mas numa análise mais crítica podemos afirmar que ela sentia prazer naquilo, prazer em servi-lo.
Comida, bebida, até o vinho era do que ele mais gostava, estavam ele, ela e uma amiga na sala conversando sobre vários assuntos. Tudo tão calmo.
O tempo foi passando e ela não estava se sentindo tão bem, algo relacionado a comer demais e vinho em excesso. Foi deitar no pedaço do céu. Ele ficou na sala conversando com a amiga quando aparecem na porta alguns dos seus amigos. Eles o chamam para sair, a noite era uma criança e fazia um bom tempo que ele não saia com os amigos, recluso dessa vida que estava formando.
É nesse momento leitores que lhes convido para fazer uma análise. Notem que ele dedicou todo o seu dia para ela, não forçosamente, mas de bom grado, gostava daquilo. Mesmo não sabendo, até esse ponto, o desenrolar da história será que poderíamos julgar mal o nosso personagem por ir curtir o fim de noite com os amigos? Bem, fica essa indagação.
Um dos amigos o chama, outro fala sobre coisas boas que iram fazer, outro incentiva, está tudo certo, ela está dormindo e tudo mais, porém ele diz não, um dos amigos se sobre-salta dizendo que Icaro não vai por causa de Alice e sim por que simplesmente não quer, Icaro concorda com o amigo, mas faz o comentário que era pelo fato dela está passando mal. Após alguma insistência eles partem, sem ele.
Subindo as escadas para a suíte, pensando no ocorrido ele titubeia por um momento com a decisão tomada, algo como arrependimento. Ele entra no quarto e a ver deitada na cama, coberta não totalmente, quase nua, linda. É então a faísca de arrependimento desmorona diante dos seus olhos e ele tem a certeza que fez a coisa certa. Alice meio grogue apenas aceita o abraço acolhedor. Para Icaro uma das melhores noites de sua vida. Caso estejam esperando ver algo mais que possa ter acontecido esta noite, caros leitores podem deixar essa crônica de lado. Existem coisas que é melhor fazer do que apenas bisbilhotar, por favor, deixe-me fechar a porta.

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