Viajante!

Apenas encontrará o que procura nos meus domínios caso esteja ligado com o que mais desconhece sobre si.



sábado, 19 de março de 2011

Na Lente do Seu Telescópio


Na sombra desse olhar, 
atento olhar, 
mirando eu enorme corpo,
 boiando no infinito e negro céu,
 carimbado de milhares pontos reluzentes.
Reflito a luz que me banha sobre o mar,
 um pequeno ponto brilha a me encontrar,
 seus olhos castanhos a ajustar,
lentes poderosas a melhor vislumbrar.
 Mas o tempo,
 as nuvens e o vento a ciumar,
 atrapalham o meu banhar e hoje por ti,
 furtivo,
 tento encontrar uma brecha a que possa me mostrar,
 gigante que sou,
 apenas a ti e o fundo desse olhar.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Seguro de Mim Mesmo.



Sentado. Calado. Pontuado nos poucos metros que posso ocupar. Criei meu universo, meu paraíso cercado do mundo. Porque a margem do que somos sempre construímos barreiras? Velcros divisores de espaço? Digo nós porque além de visar os muros que crio e criei, a todo lado que olho vejo paredes de diversas formas, onde há nelas o suor daqueles que se empenham a erguê-las. Parece-me característico da humanidade. A capacidade e o desejo de criar muros. Ora, se o que caracteriza a sociedade é o fato de estarmos juntos, porque desejamos impor aos outros barreiras e muros? Empecilho para um outro. Pergunto-me, no meio desse paradoxo, o que nos une? Pois bem. Criamos todo tipo de barreiras. Separamos o público e o privado.  No privado fazemos aquilo que não queremos que o público saiba. Isolamos o espaço com muros e barreiras. Parece que quando passamos do público para o privado estamos fugindo de algo. Algo que não podemos mostrar. Nos isolamos e com a segurança de não estar na miram da ciência pública. Do que fugimos, afinal? O que pode caracterizar uma ação como própria do foro íntimo? O que fazemos quando ninguém vê é parte do mundo ou do mundo que criamos? Fugimos da vida pública. Do mundo comum, partilhado entre várias cabeças. Adaptar-se não seria possível caso não possuíssemos a capacidade de fugir da realidade consensual ou concreta. Criar fatias de tempo e espaço, milimétrica e matematicamente precisos. Fazer aquilo que apenas naquela condição, naquele momento, naquele espaço, com aqueles espectadores. Mostrar-se em seu próprio mundo de forma inteira ou limitada que não caberia caso fosse de outro jeito. Vivemos em sociedade fugindo constantemente do outro. Mas como somos relação e o outro somos nós assim como nós somos o outro. Fugimos de nós mesmos. Delimitamo-nos a nossa existência e ao nosso privado momento de exercer a nossa liberdade. De muitas formas, é claro, com tantas conseqüências quantas não podemos contar. Mas acima de tudo, exercemos esse impulso de saciar os próprios desejos. Tememos a nós mesmo, enquanto nós e enquanto o outro e todo o pensamento que pode gerar. Muros, paredes, espaços e tempos. Tempos não, momentos! A cada acesso que temos nos diferentes espaços tentamos desesperadamente fugir de nós mesmos, fugir do outro, estar seguro de mim mesmo.

terça-feira, 8 de março de 2011

Tarde de Outubro



Peguei minhas coisas fui embora
Não queria mais voltar
Eu nunca quis presenciar o fim
Há dias que os dias passam devagar
Tudo se foi nada restou pra mim
Por isso estou aqui agora
Vou embora sem pensar
No que ficou pra começar ali
Mas eu só tinha algumas horas pra voltar
Tudo se foi, nada restou pra mim

São coisas que somente o tempo irá curar
Se for para nunca mais te ver chorar
São coisas que somente o tempo irá curar
Se foi tudo vai passar
Peguei minhas coisas (peguei minhas coisas)
Não queria mais voltar
Eu nunca quis presenciar o fim
Há dias que os dias passam devagar
Tudo se foi, nada restou pra mim

São coisas que somente o tempo irá curar
Se for para nunca mais te ver chorar
São coisas que somente o tempo irá curar
Se foi tudo vai passar
Tudo vai passar
Tudo vai passar