Viajante!

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quarta-feira, 9 de março de 2011

Seguro de Mim Mesmo.



Sentado. Calado. Pontuado nos poucos metros que posso ocupar. Criei meu universo, meu paraíso cercado do mundo. Porque a margem do que somos sempre construímos barreiras? Velcros divisores de espaço? Digo nós porque além de visar os muros que crio e criei, a todo lado que olho vejo paredes de diversas formas, onde há nelas o suor daqueles que se empenham a erguê-las. Parece-me característico da humanidade. A capacidade e o desejo de criar muros. Ora, se o que caracteriza a sociedade é o fato de estarmos juntos, porque desejamos impor aos outros barreiras e muros? Empecilho para um outro. Pergunto-me, no meio desse paradoxo, o que nos une? Pois bem. Criamos todo tipo de barreiras. Separamos o público e o privado.  No privado fazemos aquilo que não queremos que o público saiba. Isolamos o espaço com muros e barreiras. Parece que quando passamos do público para o privado estamos fugindo de algo. Algo que não podemos mostrar. Nos isolamos e com a segurança de não estar na miram da ciência pública. Do que fugimos, afinal? O que pode caracterizar uma ação como própria do foro íntimo? O que fazemos quando ninguém vê é parte do mundo ou do mundo que criamos? Fugimos da vida pública. Do mundo comum, partilhado entre várias cabeças. Adaptar-se não seria possível caso não possuíssemos a capacidade de fugir da realidade consensual ou concreta. Criar fatias de tempo e espaço, milimétrica e matematicamente precisos. Fazer aquilo que apenas naquela condição, naquele momento, naquele espaço, com aqueles espectadores. Mostrar-se em seu próprio mundo de forma inteira ou limitada que não caberia caso fosse de outro jeito. Vivemos em sociedade fugindo constantemente do outro. Mas como somos relação e o outro somos nós assim como nós somos o outro. Fugimos de nós mesmos. Delimitamo-nos a nossa existência e ao nosso privado momento de exercer a nossa liberdade. De muitas formas, é claro, com tantas conseqüências quantas não podemos contar. Mas acima de tudo, exercemos esse impulso de saciar os próprios desejos. Tememos a nós mesmo, enquanto nós e enquanto o outro e todo o pensamento que pode gerar. Muros, paredes, espaços e tempos. Tempos não, momentos! A cada acesso que temos nos diferentes espaços tentamos desesperadamente fugir de nós mesmos, fugir do outro, estar seguro de mim mesmo.

2 comentários:

Eros Carvalho disse...

Da pra me seguir?
Ja tenho você a seculos.

Leonardo L. Moraes (Makarriveis) disse...

Aristoteles; "O homem é um ser social. O que vive, isoladamente, sempre, ou é um Deus ou uma besta. A razão orienta o ser humano para que este evite o excesso ou o defeito"

A meu ver ele só se esquece que as normais sociais orientam o ser humano, esta além da nossa escolha o que é certo e errado (quando não estamos no espaço privado)já nascemos com estes conceitos, e muda-los no espaço publico pode levar decadas.