Viajante!

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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Quase confisões

Não sou a melhor pessoa para falar sobre meus sentimentos, provavelmente existem pessoas que possam saber mais do que eu.
O que quero? Sei, às vezes, o que não quero! Sinto-me, em certas horas, preso na minha própria alma. Ter um rumo é abdicar de uma infinita vida de peregrinação, é como a alma que desiste da sua imortalidade para viver breves momentos humanos e assim sentir o que a matéria tem a oferecer. Maculada por tudo aquilo que desejou, os sentimentos fazem desse leve receptáculo um quadro cheio de ranhuras, mas existe necessidade nessa sujidade, muitos sentimentos podem inspirar, elevar esta alma a condições nunca vistas, mesmo que por frações de segundos.
Tenho medo de viver, todos têm, acredito, mas essa é uma reflexão muito profunda se comparada ao motivo do relato de agora. Uma angústia horrenda me ronda, de coisas tão intimas e profundas que “coisas” é a melhor forma que tenho de designá-las. Sinto várias vezes que não preciso sentir tudo isso.
Como pode perceber, caro leitor, não sou capaz de lhe passar com denotação o que sinto, o que penso, tudo é tão obliquou pra mim quanto pra você. Talvez eu sinta medo, medo de errar, de falar, de sentir, de perceber que nada é como planejei ou que participo dos planos dos outros enquanto deveria estar fazendo as coisas ao meu modo. Não quero, exatamente, convencer as pessoas a seguirem os meus planos, apesar de que em tempos de desespero o faça, mas não, gostaria que tudo fosse incondicional. Tenho sonhos e desejos, tão profundos e ofegantes que parece que estou contido numa casca de contenção, uma bolha que impede que faça ou fale sobre eles. Talvez eu não me sinta seguro para abordá-los com as pessoas que me cercam, elas se mostram instáveis, recheadas de pensamentos que conflitam o meu ser.
É isso, falar dos próprios sentimentos é caminhar sozinho num labirinto com paredes estreitas onde apenas com outra pessoa se poderia achar uma saída, o problema é que cada um tem o seu labirinto e negar o seu para encostar-se no labirinto do outro para ajudar a aflorar as mais secretas sensações daquele ser é algo quase impossível, digo quase por medo de existir quem seja capaz num mundo tão graúdo quanto esse. Por fim, enquanto não há quem possa, vou seguindo as vielas, cada vez mais afuniladas, do meu íntimo, sem saber, ao certo, em que abismo chegarei.