Viajante!

Apenas encontrará o que procura nos meus domínios caso esteja ligado com o que mais desconhece sobre si.



quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Bobo e o rei.

Quando somos nós nos diluímos, colocar-se na condição de eu, templário orgulhoso e hipócrita, é uma posição arriscada. O santo guerreiro expõe-se ao ridículo dos olhares, tomando para si a responsabilidade de afirma-se como existente, dono de um castelo que ele não pode controlar, governar. Quando afirmamos uma identidade colocada em um só mundo, realidade, esquecemos que guardamos as portas de uma prisão, esquecemos do monstro na ante sala espreitando cada brecha do nosso ser, da nossa existência. E a desconstrução acontece quando notamos que o ofegar da fera acontece em nossos pulmões, face à face, lados de uma mesma coisa, sensação, o ofegar de medo do eu em plena sintonia com o desejante do incontrolável. Mas não apenas medo sente o eu, mas alívio em supor que está no controle da besta, que tem a chave da porta, e tem, mas não sabe usar, não quer. Afinal que mais preciosa honra para o cavaleiro ter o bicho, o inimigo, trancado, domado, aprisionado pela força da sua vontade? Pobre nobreza cega e delirante, afirma-se rei, mas não passa de um bobo Cortez. Nada contra os bobos, pois caso o nosso tolo herói reconhecesse como tal estaria mais próximo de si mesmo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Túnel do Tempo: Antigas Poesias!

Falta
O seu corpo já não me faz falta;
A sua alegria já não me invade mais;
Os seus gemidos já são sussurros vertiginosos;
A sua ausência já se faz absinto em contraste a alquimia dos nossos hormônios;
Minha vontade é surda;
Minha razão é assassina;
Meus sentimentos são corpos sem vida;
Apenas um desejo prevalece;
A da minha língua nos seus ouvidos e a sua mão afagando meus pelos.

Bi-Conciência
O homem acorda;
O poeta recomeça o sofrimento;
O homem respira;
O poeta busca o sentido para a sua falta de ar;
O homem fica ébrio para fugir da sobriedade;
O poeta fica sóbrio quando está ébrio;
O homem ama;
O poeta morre.

Noite
Vida vivida sem vida;
Morte, espera sem sorte;
Sob o manto pontilhado;
Convoco meus irmãos da dor, do sofrimento;
Sofrimento um pela perda de um amor;
Sofrimento outro por encontrar um amor;
Entre saudades e aversões;
Dilaceramos as ruas frias e sem sentido numa mesma direção;
E no auge da excitação;
Tentando expressar sua emoção;
O irmão da dor diz com simplicidade:
"-Ora, abre logo a outra garrafa do vinho”.

Sofrer
Minha mente é insana;
Meus pensamentos incontroláveis;
A angustia me mata aos poucos;
Poucos são os dias que essa sombra não dilacera minha alma;
Alma? Será que eu tenho?
Sentimentos eu sei que tenho;
Em pó e ao pó;
A vida pouco importa;
Vivo para me manter;
Talvez até para crescer;
Mais que motivação eu tenho?
Já não encontro sorrisos;
Não há afeto, carinho, consolo;
A mim só sobrou a sorte;
Nem ao menos a palavra ficou;
Mais espere, é compaixão que brota de você?
Saiba que mereço cada uma dessas coisas;
Não esqueça, eu sou o miserável, o insensível, o assassino de sentimentos.

Era uma vez...
Era uma vez um menino diferente de todas as outras crianças, ele havia nascido com um coração de pedra.
Os pais desse menino se assustaram com o problema e procuraram a cura em toda parte, quando ele fez oito anos e todos os médicos haviam ditos que a cura não existia, eles o levaram para um lugarejo afastado de tudo, em um interior daqueles, com florestas, rios e frutas no pé, achando assim que seria melhor para o menino, que não podia conviver com outras pessoas.
Logo quando chegou a esse lugar foi notado pela floresta ali, plantas e animais o fitaram e, muito curiosos passaram a segui-lo por toda a parte.
Um dia, o menino começou a andar pela floresta, andou, andou, andou até chegar a um lugar que ainda não tinha ido, lá encontrou algo inesperado, uma flor, mais não era uma flor qualquer dessas que ele já encontrou pela floresta, ela era muito bonita, tinha uma coloração fascinante, para qualquer um da cidade seria uma maravilha ver aquela flor, mas para o menino, parecia apenas uma flor, como outra qualquer, porém, o menino fez uma coisa inesperada, que a própria floresta se espantou, ele sentou-se de frente para a flor e ficou olhando para a sua direção, ficou ali por horas e horas, e quando anoiteceu ele foi embora.
No outro dia ele estava lá novamente, sentado olhando para a flor, a noticia se espalhou pela floresta e logo todos foram ver o garoto que tinha um coração de pedra contemplar a flor.
E essa cena peculiar se repetiu por vários dias, até que um dia, quando o menino chegou ao local que morava a pequenina flor, ela não estava mais lá, e para o novo espanto da floresta, ele se sentou no mesmo lugar e com a mesma expressão começou a olhar para a direção onde estava a flor, e olhando pela perspectiva do menino, via-se não a flor que estava ali, mais sim, mais atrás uma suja, dura e fria pedra.


ham???
Pessoas estranhas...
Mundo esquisito...
O.o
Eu sou normal...
No meu mundo as pessoas são assim...
Que nem eu...
Pena que ele está caindo...
... Tem doido pra tudo ... O.o
Mas... Tem sempre como piorar...
Né não?


Amor com Dor
Você quer amar?
Cuidado com o que deseja;
Amar nem sempre é ter quem você ama por perto;
Amar muitas vezes é perdoar;
É estar presente;
É viver para e pelo outro;
Mas, e quando amar significa deixar ir?
Fazer a pessoa amada ser livre;
A custo da sua própria vida;
Será que você pode suportar?
A dor de não ter mais onde se apoiar;
Não ter a quem contar os seu segredos mais profundos;
E tudo isso por amor;
Amor maior do que sua própria vida.


Fim do Fim
Pólvora, bala e gatilho;
Um instante fulminante;
O brilho da realidade refletido no metal;
A anestesia que estoura na cabeça;
Faz parar a dor no coração.

Tabojira
A tobojira é un cigarrinhu
Que nóis fuma no caximbo
Cigarinhu de tabojira
Que eu vi os erês
Os duende duente e o saci-pererê
A tabojira me deu fome
Vô no Loro amodi cumê
Coxinha, pástéu,
Enrolado com azeite de dendê
Vô lá nas igreja dos adven o tista
Ten uns matuto, uns preto e uns amarelo
Ten unzi emilianûs e unszi macarão contadu lorota
Tem indá véia deitada no chão toda torta...”
Índia Vea (Raoni Araújo).

Lágrimas em Verso
Sigo a margem da escuridão;
A solidão é o meu costume;
Faço da tristeza a minha amante;
Das sombras o meu manto;
Melancolia é o meu passatempo;
Num instante tudo se apaga;
Uma lágrima escorre;
Dela surgi uma luz;
Percorre tudo nesse mundo frio e escuro;
Atingi-me com força;
Corta-me as entranhas;
A escuridão foge amedrontada;
O raio toma forma, conteúdo;
E a realidade torna a se moldar;
Mas a escuridão me ensinou;
Sempre esperar o pior;
E assim continuo;
Esperando que essa luz se torne constante;
E da pior hipótese;
Ela, a mãe sombra, estará de braços abertos para consolar-me.


Papel
Bem vindo a minha vida de papel;
Molhada em nada serve para você;
Riscada quer dizer alguma coisa;
Queimada faz você torcer o nariz;
Pintada é o oposto do que eu quis dizer;
Dobrada oculta informações;
Se você cortar, metade é minha e a outra é sua;
Eu posso me limpar com a minha metade;
Você pode fazer isso?
Não, seu papel não é esse;
A sua idéia é só arrumar a papelada;
Sem essa de que papel embolado não serve;
Sempre tem um jeito de reciclar;
Caso esteja em branco;
Passe ferro e o limão irá aparecer;
Eu só não sei se você agüenta ver;
O que é para poucos.


O Impossível
Se eu pudesse guardar-a-chuva;
Guardaria só para mim;
Pediria numa mensagem
Uma prece sem ter fim;
Que ela una dois amantes;
Que não podem se encontrar;
É claro que eu estou falando;
Do céu e do mar.


Regresso
Sua pele, seu cheiro;
Suas palavras, seus ataques;
Seu jeito eloqüente;
Num mudo silêncio;
Ela, mãe sombra, vem me abraçar;
Aos teus seios retorno;
Ao teu berço volto para poder ninar;
Volto à solidão onde é o meu lugar;
Sei que lhe abandonei dama das trevas;
Mas peço humildemente o meu voltar;
Errei mãe, disso não posso negar;
Mas perdoa-me sinceramente;
Que não vou mais lhe magoar.


Sentimentos ao vento
Por que eu não posso chorar?
Será que as barreiras criadas
por feridas passadas já esquecidas
são mais fortes que o sofrimento atual?
Queria ao menos um dia poder esquecer
quem eu sou, no que acredito e no que sinto.
As pessoas sabem que os seus pés vão tocar
o chão assim que um passo é dado.
Talvez... Talvez se eu não soubesse disso...
Meus pés não tocassem o chão, ai eu poderia
voar.


Vida de um Guerreiro Moderno
Ir sem saber onde vou chegar;
Por ruas e labirintos contando donzelas ao passar;
Seja na dungeon ou na cidade;
Nós iremos nos encontrar;
Você, possuída, tenta me atacar;
E agora só os Deuses podem me ajudar;
Com a força do amor e da coragem eu vou te libertar;
E juntos o mal iremos derrotar.


Vinte e quatro horas
Quero te curtir, te beijar, te gozar
Serena e tranqüila no doce instante da manhã
Minha face em tua face refrescante
E sob ela poder relaxar ao som do mar
Quero te curtir, te beijar, te gozar
Morna e macia na nostalgia vermelha do horizonte
Assim como as folhas balançam
Vem meu espírito balançar
Quero te curtir, te beijar, te gozar
Fria e tempestuosa no escuro teto sobre o mar
Tira as nuvens, traz a lua para ela nos banhar
Quero te curtir, te beijar, te gozar
Na imensidão do espaço, vaga-lumes a celebrar
Te curto, te beijo, te gozo antes que você volte para o mar


O máximo de zero
Perdi.
Perdi mesmo ganhando.
Perdi sendo o melhor.
Sinto que perdi.
Perdi o que queria
Por não querer o perdi.
Ganhei o que me fez perder.
Perdi por ganhar o que queria.
Mas querer perder, eu não queria.
Aquilo que só eu sabia.
Perdi.


Cartas que nunca mandei
Pensando em versos brancos, pretos e azuis
Penso em lhe escrever uma carta
A prosa não me contenta por ser um tanto desabrida
Aos seus olhos descamados vou pelo caminho do soneto
Papel branco, mente branca como o tom da tua pele
O que quero escrever é certamente sobre você, mas o que?
É uma tarefa complicada para um jovem trovador
Pensando em ti, alegro-me e as idéias vão surgindo
Penso em rosas violetas e em uvas muito pretas
Vou tecendo as palavras, esculpindo um período
Frase a frase monto o verso da minha oração
A prece que me afoga no desejo mais ardente
Perco o fôlego, viajo longe, para longe de onde estou
Sinto gosto de uva doce e cheiro de rosas tipo você.

Poetas - Humanos - Autores
Abram os portões!
Abram os portões!
Os guerreiros vão passar!
Poetas autores, desenhistas, pensadores
Gente muito gente
Gente assim da gente
Poetas humanos, mundanos
Reunidos a celebrar
Sentido, palavra, emoção
Ponto, sem explicação
Não querendo ofender
O super Andrade, a mulher Amaral,
O incrível Condor, mas cá pra nós
Estariam orgulhosos de nós
Bem vindos ao teatro das nossas vidas

Cartilha de um Paladino errante.
Seja sempre bom. Mas saiba que quando for um pouco abaixo disso será tido como monstro.
Não desista, mesmo quando aqueles que você salvou não reconhecem os seus feitos.
Nunca espere ser reconhecido.
Lute sempre pelo que você quer.
Nunca espere que alguém faça por você.
Faça!
Se cair, levante.
Seja honesto consigo e com os outros.
Nunca espere uma missão fácil, elas não existem.
Perdeu uma batalha? Cure-se e retorna para batalhar.
Diga não ao cansaço.
Amanhã sempre um dia melhor, independente das derrotas de hoje.
Tenha força de vontade, passe-a para os membros do grupo, mesmo que eles não aceitem.
Não esqueça de dar água à montaria, beba água.
Demonstre confiança, o grupo precisa disso.
Salve sempre a donzela, mas não a acostume mal, ela sabe andar.
Use pouco a espada, a palavra vence guerras.
Destrua o mal, dentro e fora de você.
Detecte o bem, mas cuidado com aqueles que ocultam sua tendência.
Nunca peça recompensa.
Lembre-se que o máximo que você pode fazer nem sempre é o que esperam.
Dê seu máximo.
Não tenha medo do que você não conhece.
Na dúvida, você é sempre mais forte.
Olhe pelo menos três vezes para o céu durante o dia, te faz lembrar o quanto é pequeno e o quanto falta para crescer.
Olhe sempre para o chão para lembrar sempre o quanto já cresceu.


Utopia
No meu reino não tem confusão.
No meu reino não tem exclusão.
No meu reino não tem vingança.
No meu reino tem temperança.
No meu reino tem esperança.
No meu reino tem coração
Sentado no chão, brincando, pulando
Sem qualquer hesitação.
No meu reino tem soldados
De chumbo ou não.
No meu reino não tem discórdia.
No meu reino não tem derrota.
Não! No meu reino não tem confusão.
Acordei... Era só ilusão.


Não.
Falem o que quiser!
O sentimento é verdadeiro.
Minha alma clama por retribuição.
Como pode dizer: não?
Tudo com o seu limite.
Mas ingrato? Isso não.
Tenho dividas à pagar.
Não posso simplesmente mudar.
Agora que bate o coração.
Que antes tão ferido, tão rasgado.
Operado por outra alma, não.
A mesma alma que me deu a mão.
Desculpe, mas não jogarei fora.
Não serei ingrato com o meu coração.


Mundo Meu.
Meu mundo é como o nome, meu.
Uma redoma de prazeres impossíveis.
Um quadrado de lados ausentes.
No meu mundo existem picos.
Tão grandes quanto o céu.
Tão largos quanto o mar.
Mas sujeito a errosão.
Tanto ar que sopra, sopra e sopra.
Até tudo desmoronar.
Quando vejo um pico meu.
Mesmo quando a errosar.
Respiro fundo e sigo em frente.
Para no topo chegar.
A vista lá de cima me remete a Impressão de estar.
No pico mais alto de lugar qualquer.
Melhor vista de qualquer lugar.
Pois me alegro sempre e sempre.
Desse pico imponente.
Nada mais, nada menos.
Por ele estar nesse lugar.

Poema para um amigo por pura intuição.
Poeta! Guerreiro!
Ande, levante, não pare, adiante!
Somos poucos, somos cem, somos sem.
Somo mais do que mil, somos um!
Guerreiro! Poeta!
Não pare, navegar é preciso.
Mesmo que a distância lhe abale.
Um mundo lá fora nos espera.
A batalha diária.
A luta das nossas almas.
Estamos na luta, não fuja!
Não fuja, não suja, não fuja!
Não suja a alma dos teus antepassados.
Caso contrário perdemos o que conquistamos.
Grite! Blasfeme! Imponha!
Como se só houvesse esse mundo.
Pois só há para aqueles que acreditam na luta.
Lute poeta! Lute guerreiro! Lute!


Amo-Te
Meu amor.
O céu é o limite.
Não... O céu não é o limite.
Não podemos nos impor certos limites.
Quando falamos de amor.
Vem, repousa nas minhas asas.
Vamos voar, vamos viver, vamos sonhar.
E caso estejamos em queda.
Segura minha mão.
Confia em mim.
Se rompermos o chão.
Romperemos juntos.
Juntos, nos recuperaremos.
E voltaremos a voar.
Na mesma imensidão.
Deste espaço sem fim.
Fica comigo.
Ama-me para eu poder te respirar.
Amo-Te.


Um dia de chuva
Luto!
Luto por minha alma, meus valores, meus amores
Luto pelo amanhã, hoje e o ontem
Luto pela minha vida, vivida muitas vezes sem vida
Luto pela sociedade, a freguesia, o pão caro de cada dia
Luto por mim, por você, você e você
Nascidos num mundo de desgraças
"Zoomorfização Humana: o homem recebe um salário suficiente (nem sempre) Para comer"

Até a Morte [...]
Mate a boca do inimigo
Quem dá o sentido não é o soldado
Estuprado no ventre da guerra
Mesmo lá, o senso deverá
Avante! Missão, soldado morto no chão
Palavras ao ar, pistola sacar
Tiro no coração da pátria
O passado rola no sangue dos inocentes
O gatilho certeiro sem querer
Os fatos são sempre assim
História vai, vem, e no vai e vem
Vai e nunca vem, fica e nunca muda
Transumância, nunca!
O soldado que vai nunca volta
Parte dele é da guerra
A palavra que não volta
A ferida que não se cura
A trincheira deixa marcas
O sangue no terreno
A bandeira suja de lama e passado
Passado, passado, nunca passando
Sempre passado.

O Alvo e a Mira

A caça, tola caça, mal percebe o perigo que sofre, em meio a todas as outras caças está alienada tramas que a envolvem. O caçador, tão selvagem quanto a caça, necessário dizer, espreita furtivamente o grupo, mas o seu alvo ele já escolheu a muito tempo. A conexão que se estabelece entre ambos é uma leitura corporal. Do caçador para a caça e da caça para si mesma. Nesse jogo perverso, um é atitude, voracidade, selvagem, e pesa a sua aparição no grupo ao qual analisa, pois ele deve ser rápido como um raio, para que os outros não socorram sua vítima. O outro está cheio de sobrevivência, vontade de viver, de afirmar a vida em tudo aquilo que é moral e honroso, mas é detentor de uma fragilidade tamanha, medo e orgulho. E nesse impasse, e nessa luta por precisão, por estrutura bem definida que desejo e vontade dançam uma guerra sempre inacabada. O coração pulsa num só ritmo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O Estandarte e seu Sujeito

Na montanha mais alta da floresta cujos espinhos das árvores e das plantas petrificam e laceram qualquer corpo que se exponha a eles. No topo de tal grotesca terra brota todo tipo de fera dantesca e risonha, sedentas para devorar a alma, especialmente as mais nobres, daqueles que por um dia, um tempo, ousaram penetrar em inóspito bosque que cerca tão tenebrante montanha, morada do se mais incontrolável que possa existir em toda a extensão daquelas terras. Em plena noite, onde a verdade não existe, ou existe para aquele que nela acredita. O nosso glorioso cavaleiro, que tem nessa escolha o seu estandarte, caminha rumo ao desconhecido que tem certeza que irá desvelar. Bravo e corajoso, orgulhoso e confiante, cavalga solitário para o habitat do medo, rancor, raiva e prazer, caverna onde respira tal sangrenta criatura. Entre as matas, o rei de si não vê nada a sua frente, no imenso abismo farfalhante, mas percebe cada canto do seu existir se cobiçado por vários olhos , por todos os lados, não! Esse olhar é apenas um, um grito por sua carne fresca e tenaz, tragando aquilo que o constitui para um caldeirão repleto de ódio e prazer, como se o ventre da terra seus pés fossem puxados para tudo aquilo que ele não aceita. E o estandarte que o representa segue o seu caminho floresta a dentro, enquanto o sujeito fica sem saber se foi partido ou partiu para fora de si.

domingo, 4 de abril de 2010

Dever, Poder e Querer

É sempre aquela sensação iminente, latente, de que tudo vai se desorganizar, ou que se organizará de outra forma, fora da norma, da regra, do sistema. Porém há a infeliz certeza da verdade de que nada acontecerá, agonizante verdade sustentada por uma vontade traidora, pacificadora de tudo que existe, menos do sujeito desejante. A absoluta certeza da verdade é aquilo que angustia, que castra as possibilidades de metamorfose, de toda fantasia, de todo corpo, inclusive da imaginação. Essa falta controlada, rédias curtas da razão e da emoção de que serve a vontade, na verdade apavora tal sujeito imperativo e imperador das leis que regem a moral particular e universal. É assim que esse eu domestica-dor aplica no eu desejante a domesticação que recebeu e idealizou dos outros, tornando esse imperativo em um ideal do eu. Mas como a vida é em sua existência um combate entre forças na busca pelo poder, cria-se no cerne individual um campo de batalha onde a paz só é possível quando a verdade não existe e os maniqueísmos são deixados de lado. É nesse momento que nada pode ser dito ou pensado, quando o silêncio é ouvido e sentido e que o sujeito desejante aflora, dono de si e de seu querer, deixando de lado o estandarte da vontade e pulando, saltando e voando ao encontro do seu vazio, seja através do corpo, da fantasia simbólica ou da livre imaginação.