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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A lição de Salomão



Salomão é conhecido pela sua grande sabedoria. Um dos seus contos narra o dilema de duas mulheres que brigam pela maternidade de uma criança. O conto narra também a sua brilhante solução ao conflito e nos fala muito sobre a noção de Justiça. Mas esta narrativa nos informa também, como que miticamente, sobre as nossas relações afetivas e de duas grandes vias que tomamos ao nos colocarmos nos papéis das supostas mães da criança. As duas mulheres, a mãe biológica e, digamos, a mãe usurpadora, demonstram terem construído um desejo por ocupar esse lugar materno para a criança em questão. Ainda não sabemos quem das duas diz a verdade no que se refere a quem de fato pariu a infante, mas há um desejo legitimo das duas para engajarem-se no conflito, independente dos seus motivos. Pensando nas nossas relações frente ao que desejamos e que por algum motivo não podemos nos apropriar, Salomão nos mostra duas saídas possíveis: Na impossibilidade da apropriação, podemos optar por destruir aquilo que queremos e nos contentarmos com os pedaços que conseguimos para, de qualquer forma, realizarmos o nosso desejo, ou podemos abdicar daquilo que desejamos para preservar a integridade do outro que é desejado, mesmo que o sentimento de perda se imponha e que julguemos haver injustiça na separação. Acredito que Salomão nos revelou que o verdadeiro amor é aquele que preserva a pessoa amada mesmo que para isso sejamos nós a perder a integridade, abrindo mão da realização dos nossos desejos em relação ao outro mesmo que tenhamos a certeza de que temos o direito á realiza-lo.

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